domingo, 23 de julho de 2017

A novela Kyrie Irving


Um ótimo texto foi postado pela ESPN americana sobre essa offseason maluca do Cavs e a situação do Kyrie.

E aí vai algumas coisas que chamaram atenção:

1) Cavs sabia do desejo de liderar uma equipe do Kyrie e sabia que ele poderia fazer o que fez.

Irving aprecia muito o fato de jogar ao lado de LeBron, mas sentiu que era hora de ser o líder de uma franquia.

2) Kyrie não gostou muito do fato de um amigo de infância do LeBron fazer parte do staff do Cavs. Ele não entende porque um amigo do LBJ pode viajar com o time e um amigo dele não pode ter a mesma função e viajar de avião com a equipe também.

3) Cavs fechou a troca por Paul George, todos times aceitaram. GM do Pacers que já tinha aceitado, mas desistiu no último segundo.

Cavs já tinha inclusive começado a fazer lista de free agents que se encaixaria em um time com LBJ, Kyrie e Paul George...

5) Kyrie tem um pouco de inveja do Damian Lillard por ele ser O cara de Portland, assim como o John Wall é O cara de Washington. É isso que Kyrie quer alcançar.


6) Após virar público a vontade do Kyrie, Cavs tem recebido sem parar propostas e ligações de outras equipes. O front office está sendo paciente e ainda não decidiu que rumo irá tomar.

7) No texto, as fontes afirmam que Kyrie ficava muito chateado com o LBJ pegando no pé dele durante o jogo, exigindo isso e aquilo. Kyrie também não gostava do quanto LeBron tinha a bola na mão, apesar de chutar mais que o próprio LBJ, Kyrie queria ter a bola na mão mais tempo.

O que deixa claro que Kyrie está pronto pra ser O cara. Como também diz lá no texto, Irving vem pensando nessa possibilidade há um tempo...


8) O texto da ESPN fala CLARAMENTE o quão importante David Griffin era. Ele cuidava do time, pra que o ego não interferisse, o que é basicamente o que TODOS os GMs fazem, é verdade. Porém, no Cavs, isso era um trabalho mais difícil.

Griffin tinha que lidar com um dono maluco, um LBJ que as vezes era passivo mas as vezes era agressivo (tipo quando LBJ disse que não ia interferir na situação do contrato do TT), e lidar com Kyrie, um ótimo jogador que tem um futuro brilhante e quer ser O cara de uma franquia.

9) A parte mais irônica/interessante/triste: enquanto Griffin fazia entrevista de emprego com o Knicks pra ser GM de lá, Kyrie se reunia com Dan Gilbert e pedia uma troca. E de preferência, pra um dos quatro times: Spurs, Wolves, Knicks, Heat.

Sim, amigos, caso a ficha não tenha caído, Kyrie quer sair MESMO. E é bem provável que ele saia antes da pré-temporada começar.

(Nesse post, teve tweets e opiniões do Cavs Brasil, sigam o cara lá no Twitter. Opiniões que eu compartilho, por isso está no post)

#CavsBrasil

sábado, 22 de julho de 2017

Você conhece o Lenny Cooke?


Se você não conhece Lenny Cooke, um pouco da culpa é do LBJ. Esse texto é sobre o arremesso que mudou a história do basquete. Então, vamos lá? Lets go!

Naquela época, ninguém imaginava que um matchup entre Lenny Cooke e LeBron James, em 2001, no ABCD Camp da Adidas,  ia mudar a historia do basquete pra sempre.

O verão de 2001 foi marcado por Kobe Bryant. Ele tinha acabado de ganhar seu segundo título seguido, e os playoffs de 2001 sempre será lembrado pelo quão dominante Shaq e Kobe foram. Como duas vezes campeão da NBA, o status do Kobe estava LÁ EM CIMA. Ele era o moleque que tinha sido draftado direto do High School e que apesar do começo um pouco ruim, e da imprensa pegando no pé dele, era inegável o sucesso de Kobe, e o quão bom o futuro parecia ser pro camisa #8 do Lakers.

Bryant já era bem melhor que Kevin Garnett e Tracy McGrady, jogadores que sairam do HS direto pra NBA também.


Bryant tinha 21 anos, dois anéis de campeão, era um dos líderes daquele Lakers que venceu 15 partidas e perdeu apenas uma durante os playoffs daquele ano. Então, sim, Bryant era o cara certo pra falar para os moleques do ABCD Camp da Adidas de 2001 - mesmo Camp que ele ganhou as honras de MVP em 1995.

O evento durou 4 dias, e aconteceu em New Jersey. O Camp tinha jogadores como LeBron James e Carmelo Anthony, e o cara que queria defender seu MVP conquistado no ano anterior, Lenny Cooke.

Na arquibancada, Joakim Noah, um jovem de 13 anos, estava sentado pra assistir seu jogador favorito, e claro, assistir a Final do Camp.


"Ele era meu herói", disse Noah há alguns anos pra um jornal de Chicago. "A forma que ele dominava o jogo era inacreditável. Ele era meu herói".

E fazia sentido Noah gostar tanto do Lenny Cooke. Ele tinha 1,98 e dominava o jogo, era considerado o prospecto "que você não tinha como errar", caso escolhesse ele no Draft.

Cooke tinha um ótimo arremesso, boa finalização no garrafão e muitos moves que cansavam os marcadores no perímetro.

Depois do Kobe falar, dar alguns conselhos e incentivar os garotos, os jogos começaram.

Durante todo o Camp, Lenny Cooke impressionava os Scouts. Jogada depois de jogada. Scouts de colleges e de times da NBA eram só elogios a Cooke.

Na semifinal, o time de Lenny venceu a equipe de Carmelo Anthony. Lenny enfrentaria LeBron James na final do torneio.

Olhando pra trás, Carmelo admite que Cooke "era o jogador que todos admiravam". E a admiração por ele era tão grande, que Melo descreveu vê-lo jogar como "algo mágico". Aquela partida era pro Lenny a cereja no bolo.

Carmelo não ficou pra assistir a final do torneio.

Durante todo o camp, alguns amigos e companheiros de equipe do LBJ tentaram falar para as pessoas que estavam dispostas a ouvir que: LeBron que era a verdadeira estrela de lá.

Alguns ficaram intrigados com aquela ideia, alguns - como Rick Pitino - já acreditavam que LeBron era "o cara", e alguns resistiram a ideia.

Até porque, no High School, uma verdadeira estrela não acontece várias vezes, é aquela história de "um em um milhão".


Durante a Final, o momento mais bacana do Cooke foi quando ele "colocou o LBJ pra dançar" com dois crossovers e acertou um belo arremesso em seguida. A torcida foi à loucura, incluindo o jovem Joakim Noah.

Mas quem dominou o jogo foi LeBron.

Armou melhor o jogo, deu mais assistências, fez mais pontos, pegou mais rebotes, roubou a bola mais vezes, deu mais toco e teve um aproveitamento de quadra melhor.

Domínio total.


Porém, mesmo com LBJ dominando o jogo, seu time ainda estava perdendo por 2 pontos, faltando poucos segundos pro fim.

Esperando que LeBron infiltrasse, atacasse o aro pra empatar o jogo, Cooke deu espaço pro arremesso. O que Lenny não esperava era que LeBron subisse pro arremesso de 3.

LeBron parou, arremessou e... Acertou. #Clutch

No estouro do cronômetro, LBJ venceu o jogo pro seu time.

LeBron saiu de quadra com uma nova cara, digamos assim. A narrativa mudou.

Os amigos, companheiros de equipe, e familiares do LeBron viraram gênios. Eles disseram antes de muita gente que LBJ era O cara. Lenny Cooke, ainda no calor do jogo, não conseguia acreditar. "Como ele acertou esse chute?"

Como esse é um blog de família(!!!) vou poupar vocês dos palavrões.

Carmelo afirmou que depois daquele dia, Cooke nunca mais foi o mesmo. Depois de LeBron chegar e dominar, Cooke foi meio que desaparecendo. "A gente não ouvia mais falar tanto dele como antes, ele foi sumindo aos poucos", disse Melo.

Entre 2001 e 2002, Cooke não conseguiu lidar com a fama, parecia que as decisões erradas tinham virado sua prioridade.

Cooke praticamente não jogou em seu último ano de High School. Ele só jogou os eventos dos All-Stars (Nike, Adidas, McDonald's, Jordan).

Em seu Senior Year, Lenny Cooke dirigiu carrões, comprou jóias caras, resumindo... gastou dinheiro.

No começo de 2002, ele anunciou que iria se tornar elegível pro Draft da NBA. Mas, em 26 de junho daquele ano, ele não foi escolhido.

Cooke perdeu o ânimo depois disso. Era visível. Mesmo sendo chamado pra jogar na D-League, a diferença era gigantesca. Cooke não era mais o mesmo.

Ele ainda jogou na Europa antes de se aposentar.

LeBron, por outro lado, se tornou capa da Sports Illustrated naquele ano - tirando totalmente Lenny Cooke dos holofotes -, e além do basquete, LBJ pegou 61 passes(1245 jardas) e 16 touchdowns por St. Vincent-St. Mary.

LBJ acabou virando O melhor jogador do High School, fazendo a ESPN transmitir jogos nacionalmente, e até conseguindo mais audiência em um jogo do King do que em um jogo da NBA.

O hype que o LBJ tinha já foi, e ainda é, visto por nós hoje em dia. Mas algo que, muito provavelmente, não veremos mais é algum jogador que tenha correspondido a todo o hype como LeBron.

Daqui 20 ou 30 anos, você vai estar com seu filho/neto/sobrinho pra falar de LeBron James. E nesse tempo, ou talvez antes, um documentário vai ser feito sobre a carreira do LeBron... E nesse documentário eles vão destacar o momento, o lance, o evento em que LeBron James foi de "um ótimo prospecto" pra ser O melhor prospecto do país. Foi em julho de 2001, em New Jersey.


No fim das contas, Cooke nunca jogou na NBA contra Carmelo, LeBron, Kobe e até mesmo Joakim Noah, o moleque que tanto admirava ele.

A história do Lenny serviu de exemplo pra NBA e NCAA. E em 2004, as duas associações criaram a regra que obrigava os jogadores irem pro College antes de ser draftado. O famoso 'one and done'.

LeBron é, e vai continuar sendo muito admirado pelo fato de existirem vários e vários Lenny Cookes. Jogadores tão talentosos que por não levar sua carreira/imagem da forma correta, não conseguiram vingar.

Não, a vida do Lenny Cooke não é ruim. Ele ganhou uma boa grana jogando na D-League e Europa. Claro, nada comparado aos 100 milhões que LBJ assinou ano passado, mas uma boa grana.

Além do dinheiro ganho em sua carreira, Cooke fez um documentário falando sobre sua vida, sobre como tudo aconteceu. Com um dos produtores sendo o Joakim Noah.


O documentário foi exibido três vezes no Tribeca Film Festival. Todos eles com ingressos 100% vendidos, e com as três sessões aplaudindo de pé.


Agora, dezesseis anos depois do ABCD Camp da Adidas, você sabe como LBJ se tornou o LBJ, e sabe quem é o Lenny Cooke.