segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

LeBron e os lances livres



Gira a bola da mão direita pra esquerda, enquanto a perna esquerda dá um passo pra trás. Depois, LeBron segura a bola com as duas mãos, seu pé esquerdo volta pra posição inicial. Ele dobra um pouco os joelhos, faz uma pausa de 1 segundo - as vezes um pouco mais que isso. E, finalmente, LBJ arremessa. 

Essa é a nova forma de bater o lance livre do LeBron James. E, aparentemente, tem dado certo. 

"Eu comecei a assistir clipes da época em que eu arremessava muito bem, quando eu ainda estava em Miami, há 3 anos" - disse LeBron, explicando o porquê da mudança na mecânica do chute, no dia 10 de novembro.

"Eu estava com um aproveitamento de 85% naquele mês. Eu me sentia muito confortável", disse James. "Eu lembrei, assisti o clipe e decidi voltar a arremessar assim".

Na derrota para o Pelicans por 114-108 (OT), no dia 4 de dezembro, jogo que teve transmissão da ESPN, LeBron foi quase perfeito na linha do lance livre. acertou 10 dos 11 que bateu. No início de dezembro LBJ estava arremessando bem, chegando a estar com aproveitamento de 90% nos free throws

Depois de começar a temporada com FT% ridículo, James sentiu que precisava mudar. James, que tem 74% de aproveitamento nos FTs em sua carreira, estava com 59% no começo da temporada, chutando 28-47. (E, pra ser sincero, não era só os lances livres que estavam ruins, o arremesso de 3 também estava ridículo)

*Eu não consegui achar nenhum vídeo/GIF/vine do LBJ fazendo esse passo para trás na época de Heat. E, sinceramente, também não consigo lembrar. Mas se o LeBron disse que fazia, e tem vídeo disso, quem sou eu pra discordar.*

Mas a grande pergunta é, ele melhorou por causa da mecânica ou por outro aspecto? Provavelmente, não. E, se olharmos o que o Bron já fez, é muito provável que ele adicione mais uma "mania" para o seu ritual antes do chute em breve.

Esta pessoa que vos escreve jogou basquete na escola por 6 anos. Tive dois treinadores. E ao longo dos anos, os dois, sério, os dois me diziam: "lance livre é 60% concentração, 20% treino e 20% técnica de arremesso". E eu concordo. Acredito que as vezes LBJ perde lances livres por não se concentrar.

Em entrevista para o site cleveland.com, Ed Palubinskas disse "isso que ele faz com os pés é irrelevante para o arremesso".

Palubinskas, 65 anos, é ex-jogador da NBA que foi draftado pelo Atlanta Hawks (NBA) e pelo New Orleans Jazz (ABA), na década de 1970. Ed tem uma shooting clinic em Los Angeles, e lá ele já ajudou Shaq e Dwight Howard a melhorarem seus arremessos na linha do lance livre.

"Você chuta a bola com os pés? O que os pés têm a ver com o arremesso? Quem ensinou pra ele essa bobagem?", disse Palubinskas.

Durante a entrevista, Ed fez algumas boas observações sobre o ritual/arremesso do LBJ. Ele também levantou a seguinte pergunta: Quem é o atual shooting coach do LeBron? 

A resposta é: ninguém. Como a maioria dos times da NBA, o Cleveland Cavaliers não tem um shooting coach atualmente.

"Temos um ótimo comissão técnica aqui em Cleveland, eles falam no que eu preciso melhorar, e de que forma eles podem me ajudar a melhorar", disse LeBron. "Eu, de fato, já tive um shooting coach, o Chris Jent, Ele me ajudou muito quando ele fazia parte da coaching staff. Depois que ele saiu, eu só continuei a mesma rotina. Mas ele me ajudou muito". 

Entre 2006 e 2011, enquanto esteve no Cavs, Chris Jent levava o título de "Player Development Coordinator" e assistente técnico. Mas, na verdade, ele era um coach (praticamente)exclusivo do Bron. Enquanto esteve sob o comando de Jent, o King conseguiu a melhor temporada na linha do lance livre, em 2008-09, com 78% de aproveitamento. 

Jent, ex-jogador da NBA -e de Ohio State- é o Head Coach do time da D-League do Phoenix Suns. Em entrevista ao NEOMG, Chris comentou que ainda acompanha a carreira (e o arremesso) do King, de longe, claro.

"O que eu estou vendo ultimamente não é o que eu ensinei para ele anos atrás", disse Jent. "O arremesso dele mudou MUITO. Talvez algumas coisas tenham mudado para melhor, eu não sei, mas a mecânica de arremesso está diferente".


Chris Jent disse que esse "passinho safado", como já diria Everaldo Marques, que LeBron incorporou ao seu ritual pré-arremesso de lance livre pode, teoricamente, deixar mais difícil por causa do tamanho do LeBron (2.03 m, 113 kg) e a importância de ter equilíbrio antes do chute. Mas, com toda sua experiência, Jent também disse que algo muito importante na linha do lance livre é "estar se sentindo bem" com o que está sendo feito.

"Confiança te ajuda muito. Se o Bron gosta/se sente confortável com o que ele está fazendo, a chance de sucesso aumenta", disse Jent. "O problema é fazer mudanças o tempo todo".

Nas últimas temporadas, LeBron tem sempre tentado mudar/consertar o seu arremesso. Antes desse passo para trás, LBJ ficou mudando o quanto ele dobrava os joelhos. Veja a diferença entre o primeiro jogo da temporada, e o terceiro. 

Algumas vezes, James demora um pouco para arremessar a bola. 

Existe um clipe no YouTube mostrando a mudança que Bron fez durante os playoffs de 2013. Ele estava dobrando bastante os joelhos na série contra o Bucks, e logo depois, na série contra Chicago, LBJ estava arremessando de uma forma mais "quieta", dobrando pouco os joelhos.

    

Veja no fim do vídeo uma comparação dos arremessos de LeBron e Ray Allen. Bron parece ter seguido o padrão do 7º melhor batedor de lance livre da história, com 89.7% de aproveitamento. Mas, pasmem, mais uma vez LBJ mudou a mecânica do chute.

Brandon Bass, jogador do Lakers, é um dos clientes de Palubinskas. Bass tem o mesmo peso e altura do King James, porém tem aproveitamento de 84% nos free throws.

Para Palubinskas, o "passinho safado" que James está fazendo é desnecessário e contra-produtivo. Ele preferia que LBJ dobrasse menos os joelhos, e que o movimento de pernas tivesse um timing mais próximo do movimento dos braços.

Ed diz que se tornou um "free throw shooter" com aproveitamendo de 99% depois de sofrer um acidente de carro em 1981, que o deixou em uma cadeira de rodas. Obviamente ele não podia mexer as pernas, e é nesse argumento que ele se sustenta para dizer que as pernas não são tão relevantes assim. Palubinskas também disse que a mão do LBJ se mexe muito durante o ritual pré-lance livre. "Os dedos devem terminar o movimento da mesma forma que começaram tocando a bola no início do mecanismo do arremesso", disse Ed.

Chris Jent disse que a melhor coisa de trabalhar com o King James é a disposição para escutar o que você tem a dizer, de trabalhar duro, e de aceitar uma mudança necessária - principalmente durante a offseason.

Jent completou dizendo que Palubinskas tem razão, e ótimos pontos. Mas enfatizou que é difícil fazer mudanças quando os jogos contam, e a pressão aumenta.


Mas é isso que o LBJ fez/faz. Sempre.


Fonte: cleveland.com, NEOMG