sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Mil vezes LeBron James


Hoje, contra o Dallas Mavericks, LBJ chegará aos 1.000 jogos na carreira.

Uma marca bem importante na carreira de qualquer jogador. Mas é extremamente irônico como LeBron chegou nessa marca justamente contra o Mavs.

450 jogos atrás, em 2011, LBJ ainda não tinha ganho um campeonato, era o jogador mais odiado da Liga, e estava com uma performance ruim naquela Final. LeBron virou tópico de todos os telejornais esportivos dos EUA... Por aproximadamente 3 meses.


LBJ não descansou durante aquele verão, passou todos os meses de férias trabalhando. Procurou até Hakeem Olajuwon para melhorar seu Post game.

Na temporada seguinte, o Mavs, por causa do titulo conquistado e da rivalidade com o Big 3 de Miami, participou dos grandes jogos da temporada. Heat e Mavs foi um dos jogos mais assistidos daquela temporada 2011-12.

Eu não vou contar o resto porque... Bem, vocês sabem muito bem resto da história.
Voltando para os dias de hoje, 450 jogos depois, LeBron chega aos mil jogos na carreira. Agora, como campeão, com quatro MVPs e três MVPs das Finais. Com o papel de vilão da Liga nas mãos de outro jogador.

LBJ chega nessa marca com pontos, rebotes, assists, steals e blocks. Com 728 partidas(apenas temporada regular) consecutivas anotando pelo menos 10 pontos. Com 60 triple-doubles na carreira - contando playoffs também. Sendo o 10º maior pontuador e o 17º maior passador da história da NBA.
LeBron tem chance de se tornar o 3º maior pontuador e o 8º maior  passador da história. Se tornando o único jogador DA HISTÓRIA DA NBA a estar no Top 10 de pontos e assistências. E, quem sabe, se tornar o único jogador a estar no Top 25 de pontos, rebotes, assistências e roubos de bola.


LBJ é um monstro. Discutivelmente um dos cinco melhores jogadores da história. E ao chegar nessa marca de 1.000 jogos, percebo que estamos mais perto do fim da carreira do King. LeBron completa 32 anos no fim de dezembro... Ou seja, é provável que a gente só tenha mais 5 anos de LeBron James na NBA.

"Ah, mas cinco anos é bastante tempo", é verdade, mas o tempo passa rápido. Lembro-me perfeitamente da época das Finais de 2011. Sim, você também lembra. E veja como o tempo passou...
Hoje, quando LeBron e os Cavs enfrentarem o Dallas Mavericks, eu não vou reclamar de nada, só vou aproveitar cada segundo do LBJ em quadra. Assim como pretendo aproveitar bastante o resto da carreira dele. E você, meu caro hater, devia fazer o mesmo. (Pra quando ele anunciar sua aposentadoria, você não comentar nas redes sociais que se arrepende de não ter aproveitado a carreira dele. Como aconteceu com muita gente depois que o Kobe se aposentou)

Eu estou aproveitando ao máximo cada segundo do King James em quadra.

E você? #LeHistory

domingo, 13 de novembro de 2016

A arma secreta de LeBron James


LeBron James tem 2m03, 113kg. Um atleticismo de dar inveja até mesmo para jogadores da NBA. Ele recebe muitos elogios por sua ética de trabalho, e seu comprometimento com o jogo. Passa boa parte do verão - época que deveria ser de descanso - na quadra tentando melhorar ainda mais. Ele é ambidestro, arremessa com a mão direita, mas na vida real faz a grande maioria das coisas com a mão esquerda (algo que contribui muito pra ele conseguir pontuar com mais facilidade). Ele gosta MUITO de estudar a história do basquete, e isso serve pra ele ver algum movimento e trazer pro seu jogo, ou pro jogo de algum companheiro, ou como motivação em momentos que ele mais precisa.

Ele tem todas essas qualidades, mas uma que ele conseguiu esconder, e muitos não sabem, é a memória.  Quem assiste o Bron, se impressiona com as enterradas absurdas e as lindas assistências dele, mas quem convive com ele, se impressiona com o poder da mente dele.

A principal arma de LeBron James é a memória.

Mas pra entender isso, temos que voltar no tempo, lá pra época que LeBron era um moleque, só um adolescente que adorava jogar videogame.



"Jogar contra ele é muito irritante". Essa frase foi dita por todos os amigos mais próximos do LBJ.
"A gente gostava um jogo de luta chamado Shaq Fu", disse Brandon Weems, amigo de longa data do King. "LeBron decorou todos os combo moves. Todos. E por isso, ele sempre ganhava. Nós pensávamos que ele trapaceava pra vencer".

Memorizar os combo moves antigamente, quando não existia Google, era bem difícil. Pra cima, pra baixo, botões A, B e C... demorava um tempo até decorar. LeBron conseguiu fazer isso bem mais rápido que todo mundo. Um dos principais movimentos usados pelo King era o "Inferno Kick" (seta pra baixo, seta em direção ao oponente, enquanto aperta o botão C), que só podia ser feito com a personagem do Shaq. Mas foi quando LBJ trouxe ainda mais sua habilidade patológica que ficou ainda mais difícil para os seus amigos.

"Quando jogamos Madden com ele, temos que ser cuidadosos com os times que escolhemos. Ele lembra se você já jogou com aquele time contra ele, lembra qual o seu plano de jogo, e escolhe o time dele baseado em qual equipe consegue neutralizar suas principais jogadas", disse Brandon Weems, agora funcionário do Cavs, responsável pelo scout de jogadores do College Basketball.
"Ah, e é melhor você salvar sua jogada preferida também, porque ele vai lembrar quais jogadas você usou, e em quais situações do jogo. Sua única chance é salvar sua jogada pro fim do jogo e tentar surpreender", completou Weems.

É tempo para o Heat, durante um jogo da temporada regular 2013-14, no Bankers Life Fieldhouse, casa do Indiana Pacers. Isso aconteceu bem antes do LBJ anunciar sua volta pra Cleveland. Como o timeout era da televisão - para que os comerciais fossem ao ar, o que é normal, existe isso há muito tempo -, Erik Spoelstra teve mais tempo para pensar e desenhar a próxima jogada que o Miami Heat usaria.



Spoelstra está sentado, de frente para os seus jogadores, enquanto desenha uma jogada na sua prancheta. Enquanto Wade, Bosh, Ray Allen e Udonis Haslem estão sentados, tomando água, esperando o Coach desenhar a jogada. LeBron está sentado no canto, quieto, roendo as unhas da sua mão esquerda. Ele parece distraído.

Só que ele não está.

"Não", LeBron disse para o Spoelstra, esticando o braço e apontando algo na prancheta. "Ele tem que ficar aqui, dessa forma", completa LBJ enquanto mostra a rota que o seu companheiro de equipe tem de fazer naquela jogada. James já esteve naquela situação, o Heat já tentou fazer aquela jogada contra o Pacers. Ele consegue perceber isso na mesma hora, como se a mente dele tivesse avisado que tinha algo errado.
LeBron agora está diferente, gesticulando, e falando com seus companheiros. Ele esqueceu das unhas, e está empenhado em provar pro Coaching Staff e para seus teammates porquê aquela jogada vai funcionar.

Spoelstra pega o apagador, e desenha a jogada da forma que LBJ disse.

Em outro timeout, dessa vez no início daquela mesma temporada, o Heat está sentindo dificuldade com a cobertura do Pick-and-Roll. Começa um pequeno debate, entre jogadores e comissão técnica, do que pode ser feito para corrigir aquilo no meio do jogo.

"Vamos fazer assim", diz LeBron. "Vamos fazer dessa forma igual fizemos no Jogo 3(das Finais) contra Dallas."

A mudança é feita. E dá certo. Depois do jogo, Spoelstra fica tentando puxar da memória sobre aquela solução dada pelo LBJ, e, de fato, Spoelstra lembra que aquele ajuste foi feito contra o Mavs. "Eu fiquei tipo, 'ah, como assim, isso foi de um jogo há três anos'", disse Coach Spo enquanto estala os dedos. "E ele lembra fácil assim".

É metade de fevereiro, e o Heat enfrenta o Warriors, em Oakland. Miami está perdendo por 2 pontos, e só faltam nove segundos no relógio. LeBron vai decidir a partida. Andre Iguodala, um dos melhores defensores da Liga, está marcando ele. LBJ finge que vai infiltrar, dá um stepback e arremessa de três por cima da ótima marcação do Iguodala. A bola entra, faltando 0.1 segundos pra acabar o jogo. Game-winner!



E logo depois desse mesmo jogo, um repórter fala pro LeBron que cinco anos antes, na mesma Oracle Arena, contra o Warriors, ele venceu o jogo num buzzer-beater "quase do mesmo lugar".

"Na verdade, não", disse LBJ corrigindo o jornalista. "Aquela jogada foi uns dois metros mais próximo da linha de fundo. O Ronny Turiaf que estava me marcando, eu dei um stepback e arremessei, mas antes eu dei um crossover para conseguir a separação necessária pro chute. Tenho certeza. Foi em uma jogada feita depois de um lateral."

Alguns minutos depois de 'se livrar' dos repórteres, LeBron está sentado, com os pés dentro de um balde com gelo, assistindo àquele lance. E, sim, ele falou tudo certo. Ele deu o stepback no Turiaf, a jogada foi mesmo dois metros mais próxima da linha de fundo, e, exatamente como ele disse, a jogada foi feita após um lateral.





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A memória ajuda, inspira e motiva o LeBron. Mas ela também pode atrapalhar. Aprender a controlar foi, e ainda é, muito difícil para o King.

"Quando eu era criança, meus treinadores diziam que eu lembrava de várias coisas que tinham acontecido em partidas anteriores, e isso deixava todos eles surpresos", disse LeBron. "E eu só comecei a perceber o quão importante isso seria anos depois. Quando já estava no High School. E logo depois, percebi que isso também poderia me trazer alguns problemas".
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É 2012, e perguntam pro LBJ qual a sua enterrada preferida. Pensando rápido, ele cita a enterrada que deu na cabeça de Damon Jones (hoje, um dos membros do Coaching Staff do Cavs), cita também o pulo que ele deu por cima de John Lucas III para enterrar, durante um jogo entre Bulls e Heat, em Miami.
É claro que todos os jogadores vão lembrar das suas melhores jogadas. Os Red Hot Chilli Peppers não vão esquecer os acordes de Californication. Mas o fato de LeBron lembrar os mínimos detalhes é o que impressiona. Ele falou que Daniel Gibson deu o passe - lá do outro da quadra -, e que Antonio Daniels era o defensor. LBJ também falou que muitas enterradas ficam na sua cabeça porque o defensor faz falta, mas o juiz não marca. Tornando a dunk mais difícil.



"As vezes quando chegávamos para o Morning Shootaround, estava passando alguns jogos clássicos na NBA TV", disse o PG Mario Chalmers. "Bron só dava uma olhada pra televisão e falava, 'ah, é o Jogo 2 das Finais de 97', antes mesmo de aparecer na tela".
Após a Universidade de Connecticut ter vencido o torneio da NCAA em 2014, LeBron parabenizou o Coach, e ex-teammate dele, Kevin Ollie dizendo: "Ele continua o mesmo. Está igual a época que ele usava a camisa #12 do Cavs". Ollie jogou com James apenas uma temporada, em 2003-04, Rookie Season do LeBron. Kevin Ollie jogou em 13 times na sua carreira, e usou sete números diferentes. E, procurando no Google, você pode ver que, de fato, Kevin Ollie foi o camisa #12 do Cavs em '03-04.

"Olha, somos jogadores de basquete, então o fato de ele lembrar um lance de alguns anos atrás não me deixa tão impressionado", disse Chris Bosh. "Mas quando ele consegue lembrar coisas que ele não precisava lembrar é que me deixa tipo, 'como assim?'. A gente está vendo NFL e ele fala, 'é, esse cornerback foi escolhido na 4ª rodada do Draft de 2008, ele era de Central Florida'. E eu fico tipo, 'como você consegue lembrar disso?', e ele responde, 'não posso fazer nada'".

Então, sabe o que isso significa? Se você escolher fazer uma jogada contra o LeBron em janeiro de 2013, ele vai lembrar quando você fizer de novo em 2016. Significa que, se você mudou a forma de marcá-lo após o Pick-and-Roll em maio de 2009, ele vai lembrar disso quando vocês se enfrentarem em 2017. Isso significa que se você jogou bem na última vez que enfrentou o Orlando Magic, pode ter certeza que o LeBron vai lembrar e tocar a bola pra você várias vezes durante o primeiro tempo do próximo jogo. E você pode esperar isso por um simples motivo... A memória nunca esquece.

Muitos americanos usam a frase: "All the greats have short memory". A frase significa, "os grandes jogadores têm memória curta", se referindo ao fato de mesmo que você nao esteja jogando bem, quando chegar na última bola do jogo, você tem que aparecer e decidir como se tivesse acertado tudo durante o jogo inteiro. Bem, talvez a gente precise mudar esse ditado. Porque um dos maiores jogadores da história lembra de tudo. Tudo.

"Eu, normalmente, consigo me lembrar de jogadas que aconteceram em determinadas situações de anos atrás. As vezes, de muitos anos atrás", diz LeBron. "Durante o jogo, eu consigo ir lembrando de jogadas que deram certo(ou errado) em jogos anteriores naquela situação que eu me encontro."

"Eu tenho sorte de ter memória fotográfica", complementa LBJ. "Também tenho sorte em ter aprendido a usá-la ao meu favor".

Já percebeu que todo jogo o LeBron consegue algumas roubadas de bola que você pensa, 'como ele conseguiu fazer isso? Parece até que ele sabe o que o outro time vai fazer'. E, bem, ele sabe.

LeBron ama estudar basquete. Quando jogou no Heat, LBJ e Shane Battier eram os nerds do time. Eles pegavam estatísticas e as jogadas que o time adversário mais usava para estudar, e ver o que o time do Miami Heat podia fazer. Eles estudavam pra ver coisas do tipo: "pra que lado X jogador vai quando ele precisa fazer cesta?"

LBJ entra na sala de vídeo que tem em sua casa e assiste jogos dos próximos adversários. São 5 televisões em uma só. Se ele quiser, ele pode assistir vários jogos ao mesmo tempo.

Por causa da memória fotográfica, LeBron consegue decorar o playbook do seu time, e decorar as principais jogadas do time adversário. Por isso, pra ele, conseguir roubadas de bola fica bem mais fácil.

Se tem algo que podemos dizer, hoje, sobre os estudos do cérebro - principalmente a memória - é que tem muito mais pra descobrir. A capacidade de trabalho da nossa mente ainda é um pouco desconhecida. Mas se tem uma área da neurologia que nunca foi comprovada, é a da memória fotográfica - que é quando uma pessoa tira uma foto mental, e consegue se lembrar de cada detalhe daquela foto.

Mas não, LeBron não está mentindo quando diz que consegue lembrar de tudo. Ao que parece, LeBron tem a "eidetic memory", que é o termo médico usado para aquela memória muito, muito absurda. Embora esse tipo de memória apareça de muitas formas - algumas pessoas dizem conseguir ler páginas inteiras de livro, letra por letra, através da memória, ou pessoas que conseguem se lembrar de vários momentos de sua vida como se estivesse no YouTube selecionando, e assistindo o vídeo que quiser - algo que é unânime em pessoas que dizem tê-la é: elas têm sorte, e também azar por ter esse dom.

É muito difícil apagar memórias ruins quando você simplesmente não consegue apagar memória alguma.

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Sabe aqueles jogos do LeBron que ele tá jogando muito mal, e você só sente raiva? Talvez seja culpa da memória. Sério.
É junho de 2013, LeBron tá no ônibus do Heat voltando para o hotel depois do Jogo 3 das Finais em San Antonio. O Spurs tinha acabado de ganhar por 36 pontos, abrindo 2-1 na série. LeBron tinha chutado 7/21 nesse jogo, e não tava jogando tão bem até aquele momento das Finais. Nos primeiros três jogos, ele estava com média de 16.5 pontos e 38% FG - números não tão bons para o LeBron, principalmente se levarmos em consideração que era um dos melhores anos da carreira dele.
No ônibus, ele vira pra um amigo e diz: "Eu tô pensando demais. Pensando em 2007".



Em 2007, LeBron e os Cavs tomaram uma varrida do Spurs. Popovich não respeitava o arremesso do jovem de 23 anos. Mesmo LBJ tendo feito aquela partida absurda na série anterior contra o Pistons, fazendo até 29 dos últimos 30 pontos em um dos jogos, Popovich preferiu "pagar pra ver" o chute do King. Mandou seus jogadores protegerem o garrafão e deixarem o LBJ livre.
E o técnico do Spurs conseguiu o que queria.
LeBron tem um péssimo aproveitamento de 36% FG. É uma série bem difícil pro LBJ. É como quando você chega na escola pra fazer uma prova que você não estudou, e precisa tirar dez. Ao fim do quarto jogo da série, James promete que vai aumentar o seu nível de concentração e atenção para os pequenos detalhes.

É o que ele fez. Durante esses seis anos, LeBron se torna um arremessador melhor, treina com Hakeem Olajuwon para melhorar o seu jogo no Post, vai às Finais mais três vezes, ganha o prêmio de Most Valuable Player pela quarta vez, e conquista o tão sonhado título.

E voltamos para 2013. Com o Popovich usando o mesmo plano de jogo de seis anos antes. LeBron não está apenas jogando contra o Spurs, mas também contra as suas lembranças dos arremessos errados. A memória não esquece. Ele agora é um jogador diferente, mais maduro e mais confiante. Mas quando ele vê a forma que o Spurs está jogando, ele não pode fazer nada, a mente automaticamente usa a memória pra mostrá-lo o que aconteceu no passado.



A memória vai mostrando as decisões tomadas por ele, uma atrás da outra, e todas acabam de forma ruim... Com uma derrota. E isso faz ele pensar demais, mesmo que na hora LBJ precise agir, sua cabeça não para.
"As vezes a memória é ruim pra ele", diz Erik Spoelstra. "Porque ele também lembra das derrotas".
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Agora, com tudo isso que eu te falei sobre o LeBron, olhe de outra forma para as Finais de 2011. É sem dúvida a pior sequência de jogos do LBJ na carreira, terminando o Jogo 4 das Finais com apenas 8 pontos, em 46 minutos jogados.

Se você assistir um jogo daquela série, você vai ter a mesma impressão: LeBron parecia estar no mundo da lua.

LeBron já admitiu no que ele estava pensando durante aquelas Finais. James estava pensando em tudo. Tudo de bom, e tudo de ruim. Naquele ank, ele não está apenas jogando contra o Mavs, ele também está enfrentando o seu fracasso no ano anterior na série contra o Celtics.

Após não conseguir vencer o time de Boston, LeBron não lida com nada dos rumores, de novas contratações para o seu time, nem de outras polêmicas. Invés disso, ele se muda para outra cidade. Muda de time, muda a torcida, muda o dono da franquia... Muda tudo.

E um ano depois ele tem a chance de conseguir, finalmente, mudar toda a sua realidade, mas... A memória se torna a vilã da história. E assim como em um filme ruim, tudo está fora do controle do LBJ. O computador que está dentro da cabeça dele vence, e faz o download de todas as frustrações, derrotas e fracassos de anos anteriores.



Após a derrota em 2011, LeBron tira algumas semanas pra entender o que está acontecendo. E percebe que pra controlar sua mente, e fazer acontecer, ele precisa "desligar" outras partes do cérebro. Então, nos playoffs de 2012, ele se desliga das redes sociais. Ele não entra no Instagram, Twitter e etc. Ele não assiste televisão... A única coisa que ele faz é ler. Desde livros como "Jogos Vorazes", ou "O Sentido da Vida", até livros de negócios/empreendedorismo.

Mesmo que pra muitos não seja importante, ter conseguido dominar sua mente é a maior conquista da carreira do LBJ. Porque sem isso, muito provavelmente, LeBron ainda estaria sem título algum.

"Esse é o desafio. Acontece tantas coisas diferentes na sua cabeça, que as vezes é difícil se concentrar no que é importante, no que está acontecendo agora", diz LeBron.

E então, em 2013, ele se recupera, consegue uma grande sequência de jogos, e vence as Finais mais uma vez. Anotando 32 pontos no Jogo 6, e 37 no Jogo 7 - acertando vários arremessos durante a partida.



Algo parecido acontece em 2016. Dessa vez, contra o Golden State Warriors, LeBron está bem na série final. Mas GSW abre 3-1, e quando tudo parecia estar indo pro caminho errado, LBJ aparece em Oakland calmo. Vai para o treino da equipe com a camisa do Undertaker, muito concentrado, quieto no canto dele. Vai pra entrevista pós-treino e dá risada da declaração do Klay Thompson - que disse que ele ficou magoado com o trash talk do Warriors.

LeBron está muito calmo, e essa calma é percebida pelos outros jogadores. Após o Jogo 5, eles ganham confiança, e mais confiança no Jogo 6. Até que vem o Jogo 7 e... Bem, o resto da história vocês já sabem.

Qual a jogada preferida do Warriors depois dos timeouts? Qual o lado da quadra que DeMar DeRozan gosta de receber a bola? LeBron sabe tudo isso.

Ele conseguiu controlar sua mente. Essas informações estarão lá quando ele precisar. LBJ vê sua memória como uma arma.

Mais uma para o seu arsenal.