Hoje, uma das coisas que mais se fala no mundo do basquete americano, são as enterradas de Zion Williamson.
Zion é comparado DIRETO com o LBJ. Mas por que essa comparação entre os dois? Foi só por causa das enterradas do Zion? Não. E eu te explico porquê.
Atualmente, Zion se destaca pelas enterradas e pela forma que finaliza as jogadas com grande intensidade (veja
aqui). Então, acaba sendo normal que surja comparação com algum atleta já consagrado. Mas quando envolve o maior atleta americano da atualidade, tudo muda de figura, né?
O que chama mais a atenção dos scouts hoje é a sua força física, e como ele, Zion, lidera a sua equipe em quadra. Por sinal, esses dois pontos podem ser comparados de forma justa com o LBJ. E vale ressaltar que a importância do Zion para Spartanburg Day é um pouco maior do que era o LeBron para St. Vincent-St. Mary.
Mas a comparação com o James para por aí? Na minha visão, sim, porque por mais impactante que seja o basquete apresentado pelo garoto de South Carolina, ele apresenta limitações básicas em alguns fundamentos e seria impossível fazer uma comparação justa.
O garoto de Spartanburg tem passe, arremesso e visão de quadra limitadas em comparação ao LBJ. Além do quesito defensivo, em que LeBron é amplamente superior. Don't get me wrong, caro leitor, LeBron também as vezes tem dificuldade com arremesso, mas é justamente no quesito visão de jogo que a diferença entre os dois aumenta.
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Em seu belo terno azul, Michael Jordan chega na Arena em que o melhor jogador do High School está jogando. MJ pergunta, "cadê a mamãe?". LeBron James sorri, e responde a pergunta do Jordan, "ela está em New Orleans". Glória James, mãe de LeBron, está em New Orleans ouvindo propostas de alguns possíveis patrocinadores do King.
São 22h, da última noite de Janeiro. Algo histórico está acontecendo... O mestre Michael Jordan, de 38 anos, encontrando LeBron James, o prodígio de 17. His Airness encontrando o King James. O garoto, na época, era visto por MUITOS como o próximo Jordan. Mas aquele encontro era muito mais do que só basquete, era muito mais do que só o melhor jogador do mundo conhecendo o melhor jogador do ensino médio.
Aquele encontro era algo sobre pés. Na verdade, não sobre pés, e sim sobre o que vestimos neles. Aquele encontro de LeBron com o Jordan era pra que o King viesse para a Nike.
MJ tinha acabado de fazer mais um grande jogo, com direito a buzzer-beater e tudo. Mas um jogo mais importante estava acontecendo naquele momento. Um ala-armador de 17 anos, com 2,01 de altura, 100kg, e com médias de 29.6 pontos, 8.3 rebotes e 5.9 assists pela sua escola St. Vincent-St. Mary ainda está sem patrocínio. LeBron é o que toda companhia de artigos esportivos quer. Um jogador atlético, que é MUITO bom, e que quando necessário, pode usar seu 'charme' pra atrair o público. LBJ é um jogador completo... E não só dentro de quadra.
LeBron está muito próximo de assinar o maior contrato da história da NBA pra um Rookie.
Mas, naquela noite, LeBron estava com um casaco verde escuro, com o símbolo da Adidas em dourado. A grande concorrente da Nike era patrocinadora da escola que o King estudava.
Durante a conversa com o King, Jordan nota que ele está todo vestido de Adidas, mas prefere ignorar. Eles conversam por alguns minutos sobre o jogo que vai começar em pouco tempo. No fim da conversa, Jordan dá um conselho pro LBJ, "um drible, para e arremessa. É isso que quero ver hoje".
LBJ balança a cabeça, sorri e responde, "deixa comigo".
É difícil dizer o que mais impressiona sobre LeBron. O fato de ele ser considerado o melhor jogador do ensino médio, mesmo sendo um Júnior (LBJ estava no 3º dos quatro anos necessários pra concluir o High School nos EUA), ou alguns GMs da NBA dizerem que se LBJ fosse pro draft daquele ano, 2002, eles escolheriam ele na primeira escolha. Deixando Jason Williams e Yao Ming pra trás.
James até quis se inscrever no Draft como um Junior em 2002, mas a NBA tinha uma regra que proibia que um jogador que nao terminou o HS se inscrevesse.
LBJ também impressionava com algumas das coisas que ele já tinha conquistado. Além de conseguir uma reunião com o Jordan na hora que quisesse, LeBron já tinha conhecido seu rapper favorito, Jay-Z.
LeBron mantinha contato com o Antoine Walker, na época jogador do Celtics, que era o seu melhor amigo entre jogadores da NBA. LeBron já tinha ido a um jogo do Cavs no início daquele ano... Simplesmente dizendo pro técnico John Lucas que queria ir ao jogo, e o Cavs atendeu prontamente. LBJ já tinha saído e conhecido Jerry Stackhouse e Tracy McGrady. Sobre Jay-Z, LBJ disse que ele era um cara legal. LBJ foi ao hotel dele, passou um tempo lá, e depois ficou no backstage de um show.
Eu já comentei com vocês que ele só tinha 17 anos?
Sonny Vaccaro, empresário que representou Nike e Adidas, e conseguiu assinar com jogadores como Kobe, Garnett e McGrady, disse sobre LBJ: "Nessa idade, ele é o melhor jogador que eu já vi em 37 anos de profissão".
Muito hype em cima do King, não é? Sim, mas isso só ia aumentar. LBJ carregou o time de St. Vincent-St. Mary nas costas contra a famosa Oak Hill Academy (escola conhecida por ter recebido vários jogadores que hoje estão na NBA). 39 pontos, 9 rebotes e 4 assists, essa foi a stat line do King naquele jogo. Talvez tivessem sido os tênis especiais que ele ganhou do Kobe.
Sim, LeBron recebeu o presente do Kobe, que estava na pausa pro All-Star Break, e teve tempo pra dar esse presentinho pro LBJ. O tênis era da Adidas, e se você não percebeu, isso também foi uma forma de tentar atrair LeBron. Já que Nike usava o Jordan, a Adidas colocou o Kobe em ação.
Onde LeBron jogava era, praticamente, uma atmosfera de show de rock. Meninas gritando, todo mundo querendo um autógrafo, jornalistas e mais jornalistas querendo uma palavrinha com o King... Sem falar nos preços que os ingressos estavam para assistir um de seus jogos da Gund Arena, em Cleveland. Algo em torno de 100 dólares. Surreal.
LeBron estava naquele mundo paralelo de ser um adolescente que vai pra escola e joga basquete, e estar prestes a ser um milionário antes dos 18 anos.
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Como disse anteriormente, o Zion tem uma importância para a sua equipe maior do que o LeBron James tinha para SV-SM.
Porém, LeBron era muito mais dominante e midiático do que o Zion é hoje. Entrando no quesito de desempenho em quadra, o LBJ desde a sua época de freshman mostrava que o seu futuro seria brilhante.
Ele já apresentava um bom jogo físico para a idade e a sua leitura de jogo parecia de um júnior ou senior. (Vale ressaltar que o Zion evoluiu bastante a partir da sua temporada como júnior. Onde ele melhorou bastante a finalização das jogadas dentro do garrafão, sua porcentagem de acertos dos arremessos e o seu footwork)
Voltando para o LeBron...
Mesmo tendo uma equipe mais equilibrada do que o Zion, LBJ mostrou uma evolução absurda nos dois primeiros anos. Ele foi ganhando mais massa muscular para o seu jogo físico, começava a se impor como um líder dentro de quadra, mostrava uma boa evolução no seu jogo de pés, e na sua mecânica de arremesso.
Os scouts da época, relatavam a sua busca em melhorar o seu arremesso, trabalho no garrafão e na criação de jogadas.
Ao passar do tempo, era inevitável especialistas não começarem a olhar para ele. E com isso, ele também começava a chamar atenção das emissoras.
Nos seus dois últimos anos, vimos um LeBron extremamente maduro para a idade e um atleta muito completo. Ele em SV-SM já atuava em 3 posições quando necessário (SF, PG e PF), isso nos mostra como ele já tinha domínio dos fundamentos. Lembrando que na época tinha um certo “Carmelo Anthony” voando em Oak Hill Academy.
Como disse mais acima, o jogo que convenceu a todos americanos que LBJ era uma realidade, foi na partida transmitida nacionalmente entre SV-SM vs Oak Hill Academy. A partir daí, viram como ele era dominante em quadra e que já mostrava as credenciais para ir direto para NBA.
Sobre a atenção da imprensa para os dois atletas que estamos tratando aqui: a qualidade do basquete apresentado pelo LBJ e a sua maturidade em quadra fez ele ser muito mais midiático do que o Zion.
Para os leitores mais jovens, na época não tinha tantas mídias sociais para você saber sobre um determinado atleta. Você não conseguia ver uma enterrada de um atleta em um campeonato estadual como nós conseguimos hoje em dia. O Zion tem isso ao seu favor, mas essa vantagem não diminui a qualidade dele. Porém, pensem comigo, imaginem se há 15 anos existisse Twitter/Facebook/WhatsApp? Pode ter certeza que LeBron teria o TRIPLO de hype que o Zion tem hoje.
O legal, é que o Zion lembra muito o LBJ com o tratamento a imprensa. Ele trata bem, mas fala abertamente que o foco são os seus torcedores. Vemos isso quando acaba a partida do time dele no High School, ele atende primeiro os fãs (principalmente as crianças) e depois a imprensa. Teve jogo que ele ficou mais de 30 minutos após a partida tirando fotos e gravando vídeos com os fãs.
O que eu e o Felipe, dono do
@HSBasketballBR, quisemos dizer pra vcs aqui nesse texto foi: Sim, Zion é sensacional. Sim, é absurdo o quanto ele é atlético. Mas não, ele
não pode ser "o próximo LeBron James". Zion não tem outros aspectos de seu jogo que possam elevar seu nível que nem LeBron tem a visão de jogo.
E, como vocês puderam perceber, falamos apenas das habilidades, não chegamos perto de falar o que Zion tem que fazer pra chegar perto de ter uma carreira bem sucedida como a do LBJ.
Entendo a imprensa "forçar" isso pra atrair cliques e chamar atenção, mas não, meus caros, Zion Williamson não é o próximo LeBron James.
Fonte: Ballislife, Sports Illustrated, ESPN.